domingo, 7 de novembro de 2010

casa de urânio



Sou um monstro marinho florido por luas fragmentadas,
pianos negros,damas potentes,
por pinturas saídas das mortíferas veias de Dali

Do mar para a sala,
do infinito para as janelas da casa de urânio
que construo com as mãos e com as páginas dos livros
de Hermamm Hesse

Sem sono mergulho no sono dos que nunca acordam,
dos que acordam depois de vinte e dois dias,
dos que caem por querer na toca do coelho de Alice

Pode me chamar de arquiteto operário das imagens
triangulares que nos levam as profundezas da Terra,
ao canto mágico erigido pelo magma que aqui aportou
há bilhões anos luz de vela

Esse é o marinho monstro dos telejornais
que rondam as tvs da terra do nunca


(edu planchêz)

lua cor de manteiga




Cresci ao mar e a luz de Lô Borges e Beto Guedes,
sou um privilegiado,
um Buena Vista Social Club

Que os alaúdes do mar penetre com seus camarões de marfim
as festanças desse meu tempo terrestre

Marco com os pés enlameados os cendeiros da lua cor de manteiga
para que surjas sem roupas fazendo sombra sobre meu peito
(edu planchêz)

pano azul




Daria todos os meus tesouros para ver você dançar
apenas com um pano azul,
azul cor de sereia,
cor que tuas pérolas refletem quando o céu está intenso

(edu planchêz)

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Escrevo para o vazio



(para Theresa Brahm)


Escrevo para o vazio, para os que estão no oculto,
nesse mundo e nos mundos paralelos
Sei que raios e mais raios de intra e ultra mundos
atravessam-me agora e para sempre

Pouco ou nada vejo, pequena é minha compreensão,
o que realmente vejo?
Nada vejo e nada ver é ver tudo?
Vejo o dedo meu movimentar a mecânica dessa máquina
para gerar esses versos supostamente sem regras e sem Leis,
mas estou realmente vendo?

Você que esperava de mim versos românticos,
ficou a ver fragatas deslizando sobre as escunas salgadas...
mas ao mesmo tempo construo com as mãos das hemácias
caravelas e navios, naves passíveis de voos
e outros feitos

Eu me contento com um galhinho,
uma folha, uma balinha de hortelã,
feliz com o vento, meu país é meu ser

(edu planchêz)

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O que é viver o "Dragão", estar fora do tempo estando no tempo?




Estrelas de nada flutuam sobre estrelas do nada no nada
A escuridão fundamental de minha vida percorre meus braços
para que eu pense,
para que eu lembre dos versos
do poema Tabacaria de Fernando Pessoa
e me conscientize de que tudo é impermanente,mutável

O que é viver o "Dragão",
estar fora do tempo estando no tempo?
Nado na escuridão fundamental
para nessa escuridão me ver(te ver)

Dragão é vento animal que não existe,
é a não existência,
mas existo dentro de uma década, de um século,
de um milênio, numa Era, sobre um planeta,
dentro de uma país-cidade

Meu coração é um coração mesmo
e também um "golfinho"
(imagem que um alguém escolheu
e desenhou por algum motivo
para simbolizar em algum momento esse orgão)

Um astro, mil astros

Nem todos estão loucos:
a mulher do médico do filme que ví nunca esteve
Façamos a diferença...
vivemos num único instante os dez estados de vida,
há o estado de Budha mesmo nos intestinos do inferno

(edu planchêz e os mestres)

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

As cartas que Carlitos enviou para o infinito




As duas metades do globo terrestre sobre a mesa,
ao alcance de minhas simbólicas mãos...
me ajoelho e beijo o planeta
e todos os seus habitantes

As cartas que Carlitos enviou para o infinito
cá estão entre os meus papéis virtuais,
eu às leio com os grandes olhos de safiras
e ametistas meus...
e saio flutuando sobre os cabarés da França Antártica
para tomar um trago de aníz com os cantores do rádio

(edu planchêz)

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Valeri



Ophélia
não se afogue...
eu sei de cada batida de teu coração...
conheço o Garcia Lorca que se contorce em teu ventre...
és Andaluz...
Cigana...
cada estrela do céu pulsa
em teus sentimentos nesse agora

(edu planchêz)

sonho um dia caminhar com você sobre o mar










Você despertou em mim um reino romântico,
agora danço com a última imagem que tenho de ti,
com o último beijo,
com marcas de tuas mãos em meu corpo musical

Você musica me rodeia,
eu sonho você entrando por aquela porta...
eu sonho um dia caminhar com você sobre o mar
(edu planchêz)

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Nosso órgãos sexuais são peixes
















Nosso órgãos sexuais são peixes,
brilhantes e rosados
Meu falo, vossa concha, união perfeita,
de quase tudo que é mar sobre a face da Terra,
sobre a as fazes da lua,
da tua lua volumosa e linda

Mesmo que eu me perca em tua violeta,
em tua maçã de carne e alma,
me perco feliz e para sempre

(edu planchêz)

domingo, 31 de outubro de 2010

O caldo da noite prenhe de mim mesmo escorre entre nossas pernas




O caldo da noite prenhe de mim mesmo
escorre entre nossas pernas,
nas arestas de todas as Eras,
nas placas de gelo,
nos cumes dos vulcões vivos

Eu devo verte varizes em livros,
coágulo em ponte elevadiças

Se sou poeta dos homens e das mulheres,
também berro para as feras do profundo,
para as borboletas que saem de tua vagina adorada

Meu porto é teus pés,
minha janta, o cruzeiro do sul
e a estrela cor de corais
que penetra teus ouvidos

vem morar comigo no canto do olho
do novo dia que se aproxima
com a velocidade de um beijo

Tento te esquecer, mas os trovões não permitem,
os peixes que percorrem o meu e o teu fluxo sanguíneo
saltitam de tanta claridade

(edu planchêz)

sábado, 30 de outubro de 2010

O ESQUECIMENTO




Temia o esquecimento,
mas hoje vejo como é importante o esquecer
Se fosse lembrar das ofensas que recebi e proporcionei...
Essa vida também será esquecida?
Os sentimentos e os amores
sumirão no apagão da morte?
Na verdade não quero respostas,
não preciso de respostas

Sei que caminho em direção a Aldebarã e Sírios,
isso me faz completo,doce ao ponto de costurar
o montante de estrelas que vemos e montante de estrelas
que há de vir na pele minha,
na pele tua

E o esquecimento nunca se dará por completo,
ou jamais alcançara os que de fragrâncias vivem

(edu planchêz)

nas tempestades da cidade de Ur




Um dia serei um renomado poeta francês do milênio retrazado
sentado sobre as próprias pernas observando um naufrágio,
ou sendo esse próprio naufrágio
à caminho do que se hoje se chama Índia
ou nas tempestades da cidade de Ur

Preso numa masmorra,
chefiando uma tropa de soldados pré-socráticos
que caminham rumo a um abismo sem volta

Sou um daqueles generais faraós
debruçado sobre os pilares de seu reino
no ano cem antes de qualquer coisa pensada

Se triste ou alegre, se feroz ou manso,
nunca com a mente atual conseguirei responder
porque minhas esposas guardaram todos os segredos
sob o sangue de seus ventres,
sob o leite de suas mamas de bicos cor de vinho

( edu planchêz)

"Aos 17 anos todos são poetas..."

‎"Aos 17 anos todos são poetas... quero ver a pessoa continuar acreditando em poesia aos 30 anos, aos 40 anos, aos 60 anos, aos 99 anos..." ( Paulo Leminski)

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Lobo da estepe refrescando a língua


Arturo Bandini lambe os próprios mamilos
Lobo da estepe refrescando a língua
No lago onde Narciso esmoreceu em flor
Arturo se cria em pelos subterrâneos
De seus cotovelos condoídos
No meio de seus ratos preferidos-irmãos
Pergunte ao pó que sai de sua cabeça
E se acomoda nas camisas rotas do seu cotidiano
Pergunte ao pó
E ele começará a cair de sua cabeça também
E infestará as mesas em que apóia os seus pratos regulares
Que chama de fartura da subsistência
Arturo Bandini te lembra em silencio
O apagamento de sua conta
Aquela que te retorce o fígado todas as manhãs de abril a abril
E algumas mulheres
Pq não?
Algumas mulheres
Se abrindo na selvageria da paz
Arturo Bandini
No deserto da linha das mãos
E algumas mulheres
Tantas poucas mulheres

(Valeri Rodrigues)

A Ophelia de Edu



"Arturo Bandini lambe os próprios mamilos
Lobo da estepe refrescando a língua
No lago onde Narciso esmoreceu em flor"

esteve(ele) junto ao delicado ipê
onde ela se enche de lilazes flores
Amava o que sempre amou,
mas naquele momento ( nesse)
é diferente,
perto e distante do umbigo,
diante das somas
e das subtrações

O homem que se escondia sob
os emaranhados cabelos
agora
rosna e engole sua imagem
( na tela, ela)

Quais dias
e quais noite,
viéste montada no cisne real
para nas camadas
mais queimantes do meu ser
queimares as roupas
e os pés?

Traga tudo que tiveres em tua valize
cosmica,
preciso de algo sonoro
como o baton

(edu planchêz)

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

OS PREGOS DO QUE PENSO





escrever e escrever com letras e sem letras
em detalhes essa odisseia humana,
essa odisseia de carne, vinho e ossos

fotografava relâmpagos para queimar as mãos
e os neurônios,
amava os amores e os amores não me amavam

sem calcinha, sem cuecas, com camisinha,
em dia de chuva, em dia de festa
queimando ali naquelas sedas
da mulher invertida,
do dia chuvoso, da rosa que não murcha,
da lagarta que se esconde no olho

tudo e nada
diante da formiga que caminha na tela
dessa máquina de ofuscar retinas

e eu volto sem sol
aos textos que não são textos,
ao nada que não é nada,
às frases que detesto

com sono e sem sonhos,
parado sobre as armações da bunda,
sob o cone do universo,
sob a linha que não me separa de minha mãe

esvazio as dunas,
os frascos do remédio do sono,
das calmarias precisas,
dos antagônicos martelos
que aprofundam o prego
do que penso no que penso

tema meu verso,
ame e não ame o que digo
porque os porquês diante
de quem não pode move-se nem falar
produzem nauseás

nem gozo nem vomito,
rosadas soluções
tateiam a terra,
o tempo de cada um

eu não sou o que pensam,
eu não sou o que penso,
o telhado e o vidro da janela,
o motor da geladeira,
a carga submersa nas águas
do estar sedado

nem ache que morri por morrer de medo
alergia ao que não é humano,
não creio que sucumbirei
no líquido amniótico
da minha nova gestação

(edu planchêz)

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Onde andará a orquidea que jurou pelo sol e pela água que seria sempre minha?

Onde andará a orquidea que jurou pelo sol e pela água que seria sempre minha?

(edu planchêz)

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Antonio




"Antonio! Não poderias ter outro nome que não este!
Quero envolver-me em seu corpo!
Uma perola em sua concha!"

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

René Char

Aquilo que vem ao mundo para nada perturbar
não merece nem contemplações nem paciência.
(René Char)

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

"o verdadeiro artista busca a plenitude"


"Certamente o verdadeiro artista busca a plenitude,
jamais a perfeição. Seu desejo é estar integrado à sua obra.
Quando dança, ele sente vontade de desaparecer na própria dança."
(Osho
)


Voo o voo do homem simples,
do albatroz que cruza muitas e muitas vezes a Cordilheira
Estou aqui sem pensar,
desfrutando a grande presença do oculto,
dos celestes deuses que nunca nos abandonam

Essa é a rua que nunca dividi o mundo,
o beiral do continente verde lilás

Eu aceito o dia de hoje com todas as suas opções,
dádivas e dores

Nada e tudo sou ao me arrastar pelas terras de meu continente humano

O que quero cabe no centro de uma minúscula célula,
nas centrais sanguineas que me une aos meus

(edu planchêz)

O que me pertence sem sombra de dúvidas aqui estará


(FOTO:Ana Lucia Planchêz)

Muito além de todos os amores,
de todas as posses,
de todas as sexualidades,
estou e estás

O que me pertence sem sombra de dúvidas
aqui estará
Está escrito há mais de trinta trilhões de anos-luz
que você vem, à jato, de trote, transmutada,
do jeito que for, mas virá

Quem é você?
Quem sou eu?

Nem o tempo dirá, ninguém precisa dizer,
está impricito nas marcas d'água
que a fortaleza de nossas peles heregiram
sob as geleiras, sob as areias dos desertos,
sob os abismos de corais

(edu planchêz)

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

PERDÃO


Esse negócio de quase morrer é mentira,
frase escrita no meio da explosão,
andei drogado, muito drogado,
entorpecido até o funda da medula

Peço perdão a quem me merece
e ficou profundamente magoada

(edu planchêz)

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Não ter esse amor, dizer que é morrer pouco significa




Não ter esse amor,
dizer que é morrer pouco significa,
é estar enterrado na mais escuras das minas,
é não ter pés nem mãos,
pele fria, janelas fechadas,
alguma coisa sem definição

Como abrir os olhos e não vê-la?
Pois se existe algum sol, esse sol é ela,
o sol do céu fez-se mancha, vapor incolor

Clamo ao infinito que as muitas águias
pousem sobre os vazios que ela deixou em minha alma,
preciso retomar meu voo rumo ao...
novelo das sedas que me trouxeram ela
e os quilometros de lágrimas
que derramo...

Que cidade é essa? Qual é o meu nome?
Qual o nome e a direção do próximo dia?

(edu planchêz)

arte na arte




Emergido na água
do mais profundo oceano,
mas mesmo a essa profundidade
consigo ver o céu,
os peixes e as estrelas
do mar e do céu

Do fundo desse fundo emito meu canto,
minha pedra de gelo e fogo,
as folhagens sem fim
se são as notas das canções
e os mariscos de meus cabelos inebriados

Minha sede é tanta,
mesmo sendo água na água,
peixe no peixe,
arte na arte

(edu planchêz)

terça-feira, 12 de outubro de 2010

"Se todos os animais acabassem os homens morreriam de solidão espiritual, porque tudo quanto acontece aos animais pode também afetar os homens. Tudo quanto fere a terra, fere também os filhos da terra."(Cacique Seattle)

domingo, 10 de outubro de 2010

réu e juiz



"Eu sou tão inseguro porque o muro é muito alto
E pra dar um salto me amarro na torre no alto da montanha
Amarradão na torre dá pra ir por mundo inteiro
E onde quer que eu vá no mundo eu vejo a minha torre
É só balançar que a corda me leva de volta pra ela"

(Gilberto Passos Gil)


Em situações limites
o que outrem faz não pode ser julgado
Não julgarei Elís, nem Janis,
nem tão pouco me julgarei
e permitirei que alguém
ou algo me julgue e te julguem

Longe estou de todos os juízos
e tabeliões,
meu magistrado é a Lei do que penso e faço,
do que é mais que atômico em mim
e nos que me cercam

Assumo meu tempo
assim como os Tropicalistas e outros o fizeram,
aqui estou para com meus companheiros despejar
oceanos e mais oceanos embriagados de revoluções
sobre os tetos e os pés das cidades
e seus habitantes

Sou réu e juiz de meus próprios passos,
esse foi o planeta que escolhi
para fazer minha estelar rebelião,
essa é a cidade dos muitos pássaros,
dos aviões e das centenas e milhares
de enamorados dispostos a tudo

(edu planchêz)

sábado, 9 de outubro de 2010

Nesse momento, minha oração cheira a esperma e vagina...




Nesse momento, minha oração cheira a esperma e vagina...
sinto saudades de um amor
E minha oração vai encontrar de joelhos
Nijinski e Oscar Wilde
e com eles compactuo
todas as minhas tentações e as dores por não tê-las
na hora que acho que mais preciso

Se minha oração cheira a esperma e vagina,
meus olhos guardam os olhos de minha mãe
dizendo que ama todos os seus filhos

O amor nos custa tanto, mas tanto!!!
Essa palavras estiveram nos ouvidos dela( meu amor...)
as palavras dela também estiveram em meus ouvidos,
sou tão humano, tão comum,
e escrevo para não morrer,
para esticar um pouco mais o halo da vida

Não sei se choro ou engulo o choro
porque o choro contém um conjunto de coisas,
por certo sangue, carnes, saudades,
angustias e prazeres indescritíveis

Morri muitas vezes nos seios desse meu amor,
e continuo morrendo
e tocando no limiar da insanidade
da canábris sativa,
por certo essa canábris são
os nécteras que saem do fundo dela,
do talho dela,
do talho tempestuoso e cheio de paz,
das feridas e das curas desse nosso
agudo encontro

(edu planchêz)

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

nos olhinhos do gato invisível




Macarrão com creme de leite...
o cotidiano sempre é a a pauta do meu hoje
e do meu sempre

Desejos antigos,
desencontros, pessoas que passam,
eu passando,
as ruas passando e eu aqui nesse telhado
contemplando o voo dos anjos das pipas

Meu reino é pequeno,
cabe na cavidade do osso dormente,
nas células da composição dessa bebida láctea,
nos olhinhos do gato invisível

(edu planchêz)

A VIDA



Só acordei agora soltando do olho que gira
os escambos do sono,
as pressões juvenís do peito que não mente,
os sonos cortados pelos silvos do telefone

Assim mesmo nos camparios de Virgílio e Dante
retiro forças para subir as retas e as curvas
por dentro das minhas próprias artérias

Saiba que o sono sonho que tive apertaram o que respiro,
meteram garras nas moléculas dos meus sentidos,
me deixaram aturdido distante da lua
e da simples garça

Lentamente vou me recompondo,
desdobrando os dedos e os ossos da coluna...
desarmando os aguilhões dos vermes
que pousaram nos meus rins e átrios

Eu tive sono e dormi a tarde inteira sem nexo,
sem amor ou tesouras
para decepar as cabeças
e os postes

Mas parte de mim não quer os agudos nem os graves,
não ficarei mendigando carinhos partidos,
meus princípios me impedem de praticar a injustiça,
o abandono dos que me foram fiéis

( edu planchêz)

Ela me pergunta porque à quero... repondo apontando estrelas e flores





Meus poemas passaram a ser setas apontadas para ela...
Minha direção passou a ser essa bela mulher,
um lance de dados, um giro da roda,
a translação rotação da Terra

Nenhuma explicação e todas as explicações,
é um ato que começa no umbigo e volta para o umbigo
Esse é meu assunto, a diretriz de minha alma,
das árvores que me envolvem com seus caules e folhas

Holanda no meu nariz,
Zâmbia prendendo meus pés...
ela é o planeta todo,
ela me habita e eu à habito

Vamos lá querer compreender os canários do coração?
Volto à margem do rio de ontem,
o rio que nos faz sombras nas costas,
o rio sereno que nunca se perde no tempo

Ela me pergunta porque à quero...
respondo apontando estrelas e flores

(edu planchêz)

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

haverá festa em meu coração de samba e rock





Esse poema possui um buraco,
um espaço onde só cabe você;
o poema sabe de quem falo
e porque falo

A imagem de um rio sereno se forma lentamente
no centro do meu peito,
nas margens escurecidas pela luz não luz
das minhas costas que são as costas dela

Eu não sei falar de amor,
apenas falo da ausência de algo
que esteve em minhas mãos que não eram mãos,
que não eram bolas de fogo,
que não eram bolas de gelo,
esferas marcadas por estrelas
e outros corpo celestes em combustão?

O canto do sabiá-laranjeira
profetisa que ela volta
com os próximos raios amarelos,
haverá festa em meu coração
de samba e rock

( edu planchêz)

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

sinto tanto a tua falta




Branquinha, sinto tanto a tua falta, mas tanto...
eu aqui de pernas cruzadas vendo teu rosto no meu rosto,
os muitos mundos gerados por mim e por ti

Branquinha, meu peito mapa do mundo chama você,
não sei por onde começar, não sei por onde terminar
essa noite sem nome, sem você,
sem os teus cabelos pretos iluminando meus ombros

Hoje compreendo os grandes cantadores de blue,
os que rodaram o mundo clamando por seus amores,
os que estiveram na guerra e morreram de saudades

Tudo é pequeno sem você,
não é nada, o vazio dos vazios,
o céu sem sol e estrelas,
terra sem água,
vulcão sem o fogo das lavas

Onde estou, quem sou,
que mãos são essas que escrevem
essas palavras pequenas ou grandes
partidas e unidas pelo tempo e não
tempo longe de você?

Branquinha, teus pés,
tuas roupas simples,
tua simplicidade...
o que tenho de você é você...
nenhuma foto, nenhum botão,
nenhum brinco...
apenas o gosto de teu beijo bom
e as mesmas lágrimas que derramei sobre
a porcelana de teus seios lindos

(edu planchêz)

sábado, 2 de outubro de 2010

Medo de nada diante do mandala escrito por meu mestre bem cá dentro




Medo de nada diante do mandala
escrito por meu mestre bem cá dentro,
resoluto sigo sem tufões ou fogueiras,
balas de prata, rajadas de meteoros

Medo de nada,
nem das brasas que caem dos céus
da boca da onça,
do dragão,
da maçãs que a bruxa envenenou

Nasci para romper as muralhas da mesmisse,
para coroar as cabeças com flores de lótus,
e as ruas com as jóias da Lei

Temer nenhum pesadelo,
nenhum inseto ou doença,
plantas carnívoras, bodes expiatórios,
carrancas emborradas,
feras transatlânticas,
bicho de cabeça medonhas,
minha própria cara

(edu planchêz)

perdão ao mar e aos peixes




o peso do mundo denso, das pessoas densas...
me rondam,
são seres que ainda estão em estados retrógrados,
longínquos de tudo que é belo e leve

só me resta clamar o perdão
aos três mil e oitocentos céus e infernos:
de joelhos clamo perdão ao mar
e aos peixes

(edu planchêz)

Amada nua




Somos das canções ácidas e velozes,
dos pares de flamingos
que dançam sobre o lago das luzes moles

Amada nua,
seu amado nu corre
nos ponteiros do relógio feito de sangue
marcando as horas
com flores vermelhas até tua chegada

Somos das canções ácidas e velozes,
dos pares de flamingos
que dançam sobre o lago das luzes moles
(edu planchêz)

Cavalo de palavras




As palavras de Sábado sabem que sou seu cavalo
Cavalo de palavras circulando
por entre os dedos de teus pés e das mãos
Cavalo de letras
trazendo no bojo um gigantesco pão
recheado de sonhos nada secretos

(edu planchêz)

Meu pau é um planeta


"A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original." (Albert Einstein)



Meu pau é um planeta
que guarda golfadas de planetas
em sua sacola
por esse motivo
roça tuas cochas
de forma voraz e sublime
porque meu pau é um planeta
que mora em sua buceta planeta

(edu planchêz)

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Anoto tudo que vi e vivi nesse dia
no livro esférico
que flutua no tempo dessa sala:
uma boca beijou minha boca
e eu beijei essa boca
e o beijo que dei e recebi desse boca
se espalhou por todos os corações do mundo

(edu planchêz)

Virei poeta de uma única musa




Pedalo na velocidade dos meteoros
que não desviam da Terra,
sou um ancião fragmento de gelo
pousado delicadamente
sobre as vozes de tua pele tão minha

Agora Rei de Ti, da tua cor prazer,
da tua silaba saborosa,
das entranhas movediças que me ofereces

Sob a forma de um anjo vermelho azul
penetro teu sono
sem que percebas,
sem que incomode tua leve dança cósmica

Virei poeta de uma única musa,
de uma potente mulher,
o que mais posso querer?

(edu planchêz)

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Tenho como fêmea a mais nua de todas as aborígenes, sou um privilegiado


Sou um da Gerundia,
um dos que cruzaram o meio século viril
e progressivo,
mais jovem do que nunca,
simbolizo as constantes fusões
dos dias e das noites

Sou cobra cascavel apinhada de guizos,
cobra antiga, que possui veneno apurado,
bote mais que certeiro

O velho Chefe Pele Vermelha Seatle
deve estar orgulho de seu descendente,
eu cavo minha canoa no troco da árvore baobá
mas não manifesto nenhum esquecimento

Tenho como fêmea a mais nua de todas
as aborígenes, sou um privilegiado,
com ela quero erguer muitas e muitas fogueiras,
acender com o fogo das estrelas
nos olhos girassóis,
nos ventres de jasmins e avencas

(edu planchêz)

sábado, 25 de setembro de 2010

eu me contorço de amor em meio as pétalas de todas as flores



Dois celures sobre a mesa, o frio e a janela,
a centopeia imaginária deslizando
sobre meus dedos de poesia eterna,
o chão gelado tocando meus pés
as cinco e dezenove do novo dia,
eu sem sono e com saudades dela,
perdido de amor, apodrecendo de amor,
virando planta, palmeira real,
jequetibá, margarida

Eu que sou tão pouco,
um quase nada lutando para não ser confuso,
preso a fios invisíveis,
um elefante amarrado com um fio de cabelo
aos tornozelos dela

Só eu me entendo,
só ela derrete essa neve
vinda dos Andes de muito antes,
eu morro de saudades dela
e não sei lidar com isso,
tremo, fico vulnerável,
sou tão pequeno, minúsculo,
mas não sou humano,
pareço um polvo, um invertebrado dentro
de uma garrafa de gelo

Morro de saudades, eu choro,
choro muito louco por ela,
e sei que algumas pessoas que lerão esse meu escrito
não gostarão do que falo e sinto

Mas sou mesmo Gnomo,duende,
filhote de saci,
cobra coral se contorcendo de amor,
eu me contorço de amor
em meio as pétalas
de todas as flores

(edu planchêz)

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Subirei as muitas colinas do silêncio




Subirei as muitas colinas do silêncio,
as ruas me mostram pregos
e outros espinhos:
entre achados e perdidos,
eu me acho

Volto ao meu ventre,
os demônios gritam,
mas não vão diluir meu amor,
o sonho bom que me veio
do mar, de perto dele,
da beleza dela

Eu que não sei ser gente,
eu que amo e me perco de amor
e por me perde de amor
provoco histerias...

A vida que me cobre
com essa pele
sustenta a lua e o sol
de todas as vidas

(edu planchêz)

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Me arraste para os poemas dos teus cabelos






Me arraste para os poemas dos teus cabelos,
para a mina das pedras incandescentes,
para os luares repletos da mulher
enraizada em ti

(edu planchêz)

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

vivo mesmo a margem

( Foto: Chefe Pele vermelha Seatle)



Sou marginal por opção,
vivo mesmo a margem de toda a podridão,
para mim e para muitos irmão e irmãs
o mundo que está ai fora acabou,
tornou-se pó,
ambiente decrépito...
mas tal qual Sidarta Sakiamuny,
não posso adentrar-me por inteiro no Nirvana
enquanto houver seres sofrendo sobre os planetas

O chicote das vozes turvas silvam
nas costas dos catadores de pão e pedras,
silvam em nossas costas

Mas cá mesmo na barca do inferno
podemos encontrar o estado de budha,
a iluminação em meio as inúteis guerras

Meu mestre Jossei Toda se iluminou na prisão,
em meio aos piolhos e moléstias
Mesmo com o dente quebrado,
sigo desdobrando os papéis
a mim confiados

Bem sei que as relíquias
que guardo no olho e no ventre
são para serem repartidas,
e essa coisa de andar à margem vai se tornando
maior e mais forte

Ando a margem do rio,
a margem da história mal contada

(edu planchêz)

domingo, 19 de setembro de 2010

(Foto: Íris, uma nova amiga)


‎"GOSTO DOS VENENOS MAIS LENTOS, DAS BEBIDAS MAIS FORTE, DOS CAFÉS MAIS AMARGOS, DOS PENSAMENTOS MAIS COMPLEXOS E DOS SENTIMENTOS MAIS INTENSOS. TENHO UM APETITE FEROZ E OS DELÍRIOS MAIS LOUCOS. VOCE PODE ATÉ ME EMPURRAR DE UM PENHASCO QUE EU VOU DIZER..., E DAÍ? EU ADORO VOAR!!"

Esse meu corpo, esse teu corpo...




A poesia não tem sexo e tem,
a poesia não possui mãe...

Todas as carnes do corpo cabem nos vãos dos dedos
da palavra que ainda não escrevi

Volto ao início,
ao pequeno, ao grande,
ao que eu conheço e ao que eu não conheço

Esse meu corpo, esse teu corpo...
As respostas e as não respostas

O oceano agora me rodeia
e eu rodeio o oceano
Eu e o oceano,
um mesmo cilindro,
uma mesma casta

Eu,filho do sal, o calor e o frio,
as emendas que o fogo orgânico contrói
nos elos partidos

Choro por não saber compor uma fortaleza elétrica
com meu coração extremo

Choro o choro das chuvas, dos insetos,
das plantas ocultas nas grutas

(edu planchez)

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Como eu quero essa mulher!!!




Olho para o céu e vejo o rosto dela esculpido nos flocos,
nas nuvens,
tudo que toco é o corpo dela,
suas mãos lindas...

Ela foi a mulher mais sutil que conheci nessa vida,
como fui feliz durante as horas que estive em seus braços

Morro de saudades, meu coração dói,
a dor de não à ter compreendido,
de ter sido áspero com quem só meu deu delicadeza

Senhores Deuses do Arco-Íris,
em nome de minha mãe,
em nome de todas as mães
e de todas as mulheres,
eu peço perdão à ela e ao planeta
por à ter magoado

Seus beijos permanecem vivos
em cada milímetro de meu pequeno ser,
sou um homem pequeno diante de tão altiva Dama,
de tão alva flor

Eu vejo a festa, eu vejo o vinho,
eu vejo os lençóis de seda,
eu vejo seus negros olhos cintilando
diante dos meus
e dos olhos que estão para além
da vida e da morte

Sou um simples poeta,
irmão de sangue de Pablo Neruda e Vinicius...
quando amo, amo forte,
com a força das estrelas
que arrastam o fluxo das águas
desses olhos que agora lacrimejam
de saudades, de desejo...
Como eu quero essa mulher!!!

( edu planchêz)

O céu caiu por inteiro com todas estrelas

Amada nunca esquecida,
O amor de um poeta desvairado
à espanta?
É amor avalanche, inundação descomunal

O céu caiu por inteiro com todas estrelas
e planetas sobre os bicos dos teus seios
de porcelana e marfim

você não percebe,
mas continuo dentro de teu umbigo
encolhidinho feito um feto


(edu planchêz)

domingo, 29 de agosto de 2010

Risco o chão da casa




Risco o chão da casa com pontas de sol e com pontas minhas,
dormi pouco, nem dormi...
Andei pelas madrugadas da Lapa com minha irmã Ana Lúcia Planchêz,
vimos o dia se contorcer na cênica avenida Men de Sá,
vimos o samba gritar diante do sumário rock in roll

Ruas cheias... a Paris carioca distribuía beleza e glamur
pelos olhos dos que admiram os prateados raios da lua
de Madame Satã e Ismael Silva

O orgulho de ser carioca borbulha feito lava do Vesúvio
aqui nesse peito de inúmeras construções e destruições

(edu planchêz)

sábado, 28 de agosto de 2010

Pessoas me deixam em estado de inferno,
cabaleante,
com dor de cabeça e outra náuseas
Muitas vezes demonstros despreparo
para encarra o mundo real e impositivo

Por que tem que ser assim?

(edu planchêz)

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Nas transparentes asas da mulher anjo




Danço "ao som das maracas e do tambor de bambu"
para fazer o camarão que está em meu estômago
voltar à vida( que ele nunca deixou)

Nas transparentes asas da mulher anjo
cruzarei o planalto central do Brasil
para no alto do olho-cristal
deus dos poetas devassos...
plantar a flor de leite e sêmem

Eu sou o anjo das andanças do rio Nilo,
das carpas que moram nele
e nos anéis que protegem esse planeta
das naves de espinhos

( edu planchêz)

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

vagueantes



as últimas coisas da noite,
as primeira da manhã

O sabiá-laranjeira distribuí seus trinados
à todos os moradores
e vagueantes de Santa Teresa

(edu planchêz)

sábado, 21 de agosto de 2010

no mais profundo dos abismos, na mais densa nuvem





Com 3 livros de Roberto Piva sobre a cama
e as meninas do Volei nos encantando
nos riscos nus da Tv
dobro essa noite em três bilhões
de pedaços
para encontrar no elemento terra
as minhas reservas,
as vinhas e as catedrais onde o sono
nunca chega
porque nesse estágio
para sempre ( que dura um milésimo)
de segundo)
permanecemos despertos

E palavra nenhuma será capaz de descrever,
e toda palavra será capaz de descrever
o Reino que só é encontrado
no mais profundo dos abismos,
na mais densa nuvem

(edu planchêz)