quarta-feira, 27 de outubro de 2010
OS PREGOS DO QUE PENSO
escrever e escrever com letras e sem letras
em detalhes essa odisseia humana,
essa odisseia de carne, vinho e ossos
fotografava relâmpagos para queimar as mãos
e os neurônios,
amava os amores e os amores não me amavam
sem calcinha, sem cuecas, com camisinha,
em dia de chuva, em dia de festa
queimando ali naquelas sedas
da mulher invertida,
do dia chuvoso, da rosa que não murcha,
da lagarta que se esconde no olho
tudo e nada
diante da formiga que caminha na tela
dessa máquina de ofuscar retinas
e eu volto sem sol
aos textos que não são textos,
ao nada que não é nada,
às frases que detesto
com sono e sem sonhos,
parado sobre as armações da bunda,
sob o cone do universo,
sob a linha que não me separa de minha mãe
esvazio as dunas,
os frascos do remédio do sono,
das calmarias precisas,
dos antagônicos martelos
que aprofundam o prego
do que penso no que penso
tema meu verso,
ame e não ame o que digo
porque os porquês diante
de quem não pode move-se nem falar
produzem nauseás
nem gozo nem vomito,
rosadas soluções
tateiam a terra,
o tempo de cada um
eu não sou o que pensam,
eu não sou o que penso,
o telhado e o vidro da janela,
o motor da geladeira,
a carga submersa nas águas
do estar sedado
nem ache que morri por morrer de medo
alergia ao que não é humano,
não creio que sucumbirei
no líquido amniótico
da minha nova gestação
(edu planchêz)
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