sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Lobo da estepe refrescando a língua


Arturo Bandini lambe os próprios mamilos
Lobo da estepe refrescando a língua
No lago onde Narciso esmoreceu em flor
Arturo se cria em pelos subterrâneos
De seus cotovelos condoídos
No meio de seus ratos preferidos-irmãos
Pergunte ao pó que sai de sua cabeça
E se acomoda nas camisas rotas do seu cotidiano
Pergunte ao pó
E ele começará a cair de sua cabeça também
E infestará as mesas em que apóia os seus pratos regulares
Que chama de fartura da subsistência
Arturo Bandini te lembra em silencio
O apagamento de sua conta
Aquela que te retorce o fígado todas as manhãs de abril a abril
E algumas mulheres
Pq não?
Algumas mulheres
Se abrindo na selvageria da paz
Arturo Bandini
No deserto da linha das mãos
E algumas mulheres
Tantas poucas mulheres

(Valeri Rodrigues)

Nenhum comentário: