segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

22 DEZEMBRO 1995



Edu Planchêz
Um jovem poeta de 36 anos
Absolutamente encantado com as flores
& primeiros frutos de um pé de maracujá
plantado por suas lentas mãos

Eu
Edu Planchêz
Juro cravar as unhas do sol
no lombo dessa terra escura
Provei o vômito da loucura
sob o efeito dos amargos comprimidos
Estive no pátio do PINEL & do Sanatório da Tijuca,
e não achei nada engraçado.
Encontrei pessoas carcomidas pelas engrenagens
da ambição desmedida
E tome Aldol-Gardenal-Diazepan...
Três dias e três noites amarrado a uma cama de
triagem
Muitos ali como eu despencaram de suas camas
fissurados por eternidade,
mal orientados
( nossos mestres tinham perdido as chaves),
fomos nos afastando da realidade da vida, das pessoas,
das coisas & mergulhamos no fel do egoísmo

SE A FLOR DA LUZ EMERGE DA LAMA,
DE VOLTA À LAMA!

Hoje não mais evito as pessoas e os fatos
Se as pessoas são sujas quero me sujar com elas
Conheço teu cabelo amarelo Van Gogh
de longe e de perto
Tudo aos amigos!


Eu
Edu Planchêz
Um jovem poeta de cinco bilhões de Kalpas
Minha coroa de lírios
Meu trono de folhas
Amo o vapor barato dos trens que nunca existiram
Onde há vaga-lumes
há desertos futuros oásis

Seu magno brilho
derrama-se em minha pele negrinha
Você só geme no leme dessa arte sonolenta
Você só laça os furacões escritos no arco-íris

Toda uma linhagem de criaturas transita aqui na
memória
Nomes e mais nomes
Irael Luziano sempre Irael
À custa dos guardiões das estrelas e
da minha própria decisão
sobrevivo às mais absurdas intempéries


Eu
Edu Planchêz
Absorvo seu olhar bebendo chá mate
É noite, um pouco mais de zero hora
Componho esse poema para ser lido em alta voz

Componho-me
Edu monólito Planchêz
chamando das alturas de um poço
Pedras quentes poderiam recarregar a carne selvagem
de nosso coração nave

Busquei outrora o desregramento dos sentidos
Houve um alto preço por essa ousadia
Tornei-me um homem-experimento-cavalo-da-poesia
-gema-real
Por certo movo-me no corpo de um poeta
Por certo semeio lendas nas terras em que piso

Atiça esse fogo, meu caro amigo
chegado das pradarias de outras tantas histórias!
Marejou com o gavião maneiro de Deo Lopes
Navegou com o ímã das almas curiosas,
ao vento, aos acordes preferidos de Xangai

Minha mulher Marilza dorme
A cadelinha Vanderléia observa algo
Meus pés no cimento do verão do sul hemisfério
Imagens da neve de dezembro de New York
Pessoas, patins, censuras e sensores
Almas totalmente abertas no corpo a corpo,
em meio à guerra absurda e ao orvalho do homem integral

Meus pais dormem, meu irmão caçula e sua
companheira grávida fazem o mesmo
Escrevo esse poema bálsamo selvagem elixir para o
nosso sangue eternamente grávido
Maravilha nascer e viver numa época tão conturbada,
apinhada de demônios
Era de Mappo, campo vastíssimo, repleto de motivos
para lutar
Viva a luta! A luta travada através das canções da
Renascença do verdadeiro espírito humano

Meu gelo no teu gelo
Meu sol no teu sol

Edna Laranja e Isabel Mar de Egeu
Passando por essa Angra dos Reis
indo fundo na cidade do Rio de Janeiro
Volto aos nomes e são tantos os nomes
e são tantas as bocas beijadas e ainda por beijar

“Alma Corsária” filme de Carlos...
Cinema maravilhoso de nossos novos amigos
Cristal líquido
Tecnô-chinês
nas telas atlânticas
Gotas de todos os mares pulsando agora
em mim e em você
meu amado-amada

(edu planchêz)

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