segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

O PINTOR

(Ao irmão Iverson Carneiro)

Jogo a bisnaga de tinta óssea
nos estojos do corpo
para mover as asas cosméticas
com a espátula e as sobrancelhas de tinta

Encontro na ambivalência do alicate caranguejo
as garras para agarrar
o verão e a cigarra

Moro no encontro afetivo
das avenidas,
nos contornos vermelhos
da bela estação,
rente ao Arco do Triunfo
e os Arcos da Lapa,
nas molduras da próxima tempestade,
nos cativantes cabelos dos pincéis

A noite matemática
corre rota pelos trilhos
da nova identidade,
diante das telas
que temos para sujar

Essa minha grande arte cospe
tramas imperfeitas
nos catálogos
dos coletores de perfeição

O fulano de tal que anda
vendo o azul e a fuligem
compõe com o ácido
do anti tudo
uma torre de cimento

O barco das palavras
do homem que anda livre
por esse amarelo milênio,
abriga o gato,
o homem, a mulher...
multiplicados nos pulmões
das idéias de outras pessoas

(edu planchêz)

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