segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

O CARTÓGRAFO

( à Godot Quincas)


13h05m
de segunda-feira,
as coisas do rádio ricocheteiam
cá pela casa dos ratos de telhado
Comerei o agrião
que a contista Rosa Kapila me ofertou
para refrescar um pouco a fome

13h10m
O rabo da antena
do meu vizinho apontada para o janelão
que ilumina minha cama...
não sei porque descrevo a geografia das coisas,
mas sei que possuo um mar del prata
salgando os ombros

18h15m
O frasco vazio da colônia Nick Rauen
(deixado com intenso carinho
por minha hidramada Marilza)
é tão lindo,
é assim porque teve o toque vítreo
dessa que me acompanha há mais de uma década

18h26m
Da cadeira que me abriga
ao ângulo esquerdo da parede
creio contar uns dois metros de saudade

13h05m... 13h10m... 18h15m... 18h26m...
Horas cortadas, minutos intercalados,
anos grampeando lascas de bambu
no coques dos livros...
Tempo nenhum diante do que ainda não vivi

(edu planchêz)

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