segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

"SER POETA,OU NADA"



Sim,as garras desse Tigre
deveriam adentrar-se
nos veios das mãos dos brasileiros
Digo,esses homens
e mulheres de olhos enormes
são maiores que os reinos do Reino Unido,
maiores que os reinos da França

Todos devem voltar
ao Grande Palácio,a Grande Caverna,
ao rosado raio dos Ancestrais,
aos pendões brilhantes do capim mimoso

"SER POETA,OU NADA"
Ser vidente
e nem por um bilionésimo
de segundos não o ser

Por mim navego
Por ti, mais e mais...

O cio é o meu orixá
O cio de dizer o que penso
aos três bilhões de ventos

Surfista que é surfista
surfa na crista do tsuname
profundamente integrado
as cores do maremoto

Nem linha torta
Nem linha reta
Apenas um rabisco imensurável
no centro trêmulo da lâmpada comum

Por todas as portas e janelas
busco as agulhas e as linhas dos livros
Costuro na íris da pessoas
desse país sonoro a literatura do fogo,
a literatura da substância

Tudo que escrevo é ouro, pedaço,
cicatriz, navalha, ruído de violoncelo,
batuta de Ravel

Que me venha, que nos venha
a maré ardente das enguias
para que eu me perca
em tua vertiginosa Rosa dos Ventos

Enorme é a trança formada por meu cabelo
e teus pêlos,
por ela chegaremos as raízes
do reino da Dinamarca,
até gélidos lajedos dos lábios de Ofélia

Volto, eu e meu povo
aos primórdios do breu,
aos incandescentes gazes
das manhãs de Moçambique

Ninguém descobre minha poesia,
ela descobre as pessoas,
me descobre, nos cobre com a corrente
de peixes e pássaros
paridos pelos Centauros do Himalaia

Nessa imponente noite queria ir para a floresta,
seguir as cigarras, mugir com os vaga-lumes,
com os grilos torear,
mas como não posso desenho essa floresta
nos alaranjados papéis de minha grande alma,
mais negra que o gelo, mais clara que o carvão,
mais doce que o veneno da Odalisca Nadja

(edu planchêz)

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